O Facebook e a homogeneização das fotos do perfil

O Facebook e a homogeneização das fotos do perfil

As pessoas precisam se sentir incluídas para serem felizes. Precisam fazer parte de um grupo, de uma tribo, se sentirem parte de um todo. Pelo menos é isso que a psicanálise diz. Principalmente em relação aos jovens, já que é quando temos pouca idade que essa necessidade mais se evidência.

E que lugar melhor pra isso surgir com toda a força do quê em uma rede social em que estamos todos conectados diariamente? Postando fotos dos nossos melhores momentos, conversando com os amigos, desabafando e opinando sobre tudo? O Facebook, ou melhor, o “nosso facebook” como às vezes a gente acaba chamando (e que no fundo não tem nada de nosso) virou nossa maior vitrine. Aquela que explica pra sociedade o que a gente é.

Mas o quê que isso tudo tem a ver com a girafa? Bom, se todo mundo tá virando girafa, porque não entrar na brincadeira e virar também? Foi assim no Dia das Crianças, quando todo mundo entrou numa máquina do tempo e de repente voltou a ter bumbum de bebê e bochechas rosadas.

Já viu todo mundo virando girafa, mas não sabe que história é essa? A gente te mostra:

Esse é o Jogo da Girafa:
Como funciona: vou propor a você uma charada. Se você acertar, pode manter a sua foto de perfil. Se errar, vai ter que mudar a sua foto do perfil para a de uma girafa pelos próximos 3 dias.
Atenção: mande a resposta só pra mim, por mensagem.
Eis a charada: são 03:00, a campainha toca e você acorda. Visitantes inesperados: são seus pais e eles estão lá para o café da manhã. Você tem geleia de morango, mel, vinho, pão e queijo. Qual é a primeira coisa que você abre?
Lembre-se: mande a mensagem só PRA MIM. Se você acertar eu vou postar o seu nome e seu acerto aqui. Se você errar, mude a sua foto do perfil.
Perceberam que eu tive que mudar minha foto? Pois é…

A julgar pela nova “cara” das pessoas na timeline, a maioria errou a resposta do jogo criado pelo americano Andrew Strugnell. Mas de que adianta acertar se isso não deixa as pessoas verem que você também participou da brincadeira?

Dizem que se não está no Google, é porque não existe. Se não tem vídeo no Youtube, é porque não aconteceu. E a situação se repete com o Facebook, dessa vez diretamente com a nossa vida.

Você adora cachorros? Então, segundo a lógica da rede social, você precisa apoiar a invasão do Instituto Royal e o resgate dos beagles.

Você joga vídeo game? Ah, então você tem que reclamar do preço do PS4 no Brasil!

Você trabalha com design? Então é sua obrigação criticar a peça da C&A com a Preta Gil sem ombros.

E falar mal da Porta dos Fundos nem pensar, hein? É assinar carteirinha de pária social.

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Texto originalmente publicado aqui, escrito por mim para o blog da CDLJ.


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